"De particular importancia, neste contexto, foi o ataque á «imaginaçom» (vis imaginativa)
que na magia natural dos séculos XVI e XVII era considerada umha força poderosa por meio
da qual o mago podía afetar ao mundo circundante e traer «saúde ou enfermidade, nom só ao seu
própio corpo se nom também a outros corpos» (Easlea, 1980: 94 y sig.). Hobbes adicou um capítulo
do Leviatán a demostrar que a imaginaçom só é um «sentido em decadencia», similar nisto á memoria,
só que ésta vém gradualmente debilitada polo traslado dos objetos da nossa
percepçom (Parte I, Capítulo 2); também pode atoparsse umha crítica da imaginaçom em
Religio Medici (1642), de Sir Thomas Browne".

Calibán e a bruxa: Mulheres, corpo e acumulaçom originária. Silvia Federici.Colecçom Historia. Editorial Traficantes de Sueños. A partir de agora "Calibán e a bruxa".
Calibán e a bruxa: De sexo e paganismo

"Como a bruxa, a prostituta era supostamente reconheçida polo seu «mal de olho». Suponhíasse que
a trasgressom sexual era diabólica e dava ás mulheres poderes mágicos.

Também
estava proscrita a sexualidade pública e colectiva que prevalecera
durante a Idade Media, como nos festivais de primavera de origem
pagano que, no século XVI, aínda festejávansse em toda Europa."
Calibán e a bruxa: Copulando co Dianho

" A
tese de que as bruxas adquiriron os seus poderes copulando com o Dianho
fazíasse eco da crença alquimista de que as mulheres apropiaransse
dos segredos da química copulando com dianhos rebeldes
(Seligman, 1948: 76). A teúrgia, sem embargo, nom foi perseguida, aínda
que a alquimia foi cada vez peor vista, já que pareçía umha procura
inútil e, como tal, umha pérdida de tempo e recursos. Os magos eram
umha elite, que com frequencia prestavam serviços a príncipes e a outras
pessoas que ocupavam altos postos (Couliano, 1987: 156 y sg.), e os
demonólogos distiguíanos coidadossamente das bruxas, ao incluír a
teúrgia (em particular a astrología e a astronomía) dentro da área
das ciencias.

Mais o mago nom escapou á persecuçom. Depois do Concilio de Trento (1545-1563), a Contrarreforma
adoptou umha dura atitude contra os curanderos populares por temor aos
seus poderes e as súas raíces fondas na cultura das sús comunidades."
Calibán e a bruxa:Questom de método
"Carolyn Merchant (1980: 168) sostém que as interrogaçons e as torturas ás bruxas
proporcionarom o modelo para o método da Nova Ciencia, tal e como a definiu Francis Bacon:
Boa parte da imaginería empregada [por Bacon] para delinear os seus objetivos e métodos
científicos deriva dos julgados. Na medida na que trata á naturaleça como umha
mulher que há de ser torturada por meio de invençons mecánicas, a súa imaginería está
fortemente sugestionada polas interrogaçons nos juíços por bruxería e polos
aparatos mecánicos empregados para torturar bruxas. Numha pasagem pertinente, Bacon afirmou
que o método polo qual os segredos da naturaleça poderím ser descubertos estava em
investigar os segredos da bruxería pola Inquisición [...]."
Calibán e a bruxa:Sexualidade e saber
"Os temas derivados da tradiçom mágica ilustrada forom
introduzidos polos demonólogos na definiçom de bruxería. Entre
eles atopávasse a crença, de origem neoplatónico, de que Eros é
umha força cósmica, que une ao universo a través de relaçons de «sim-
patía» e atracçom, permitindo ao mago manipular e imitar á natureça
nos seus experimentos. Um poder similar atribuíasse á bruxa, quem
segunso se dizía podía levantar tormentas com só sacudir um charco,
ou podía ejercer umha «atracçom» similar á unióm dos metais na
tradiçom alquimista (Yates, 1964: 145 y sg.; Couliano, 1987). A
ideología da bruxería reflexou o principio bíblico, comúm á magia e
á alquimia, que estipula umha conexom entre a sexualidade e o saver. "
Calibán e a bruxa: Ciencia e dominio
"A
mulher-bruxa, sostém Merchant, foi perseguida como a encarnaçom
do «lado selvagem» da naturaleça, de todo o que na naturaleça pa-
reçía alborotador, incontrolável y, polo tanto, antagónico ao projeto
asumido pola nova ciencia. Merchant sinala que umha das provas
da conexom entre a persecuçom das bruxas e o jurdir da
ciencia moderna atópasse no trabalho de Francis Bacon, um dos
supostos pais do novo método científico.O seu conceto de investi-
gaçom científica da naturaleça foi modelado a partir da interrogaçom
ás bruxas baixo tortura, de onde jurde umha representaçom da
naturaleça como umha mulher a conquistar, descubrir e violar (Merchant,
1980: 168-72).
A explicaçom de Merchant tem o grande mérito de desafiar a su-
posiçom de que o racionalismo científico foi um vehículo de progresso,
centrando a nossa atençom sobre a fonda alienaçom que a ciencia
moderna instituíu entre os seres humanos e a naturaleça. Também
entrelaça a caza de bruxas com a destrucçom do meio ambiente e
conecta a explotaçom capitalista do mundo natural com a explotaçom
das mulheres. "
Calibán e a bruxa: sci-fi trans
"O simbolismo recurrente nos trabalhos de alquimia sugirem umha obsessom por reverter
ou, tal vez, incluso deter a hegemonía femenina sobre o processo de criaçom biológica
[...] Este domínio desejado é também representado em imagens como a de Zeus pa-
rindo a Atenea pola súa cabeça [...] ou Adán parindo a Eva desde o seu peito. O alquimista
que ejemplifica a luita polo controlo do mundo natural procura nada menos que a magia
da maternidade [...] Deste jeito, o grande alquimista Paracelso dá umha resposta
afirmativa á pregunta sobre se «é posível para a arte e a naturaleça que um homem
nasça fóra do corpo de umha mulher e fora de umha nai natural». (Allen e Hubbs,
1980: 213) "
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